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Matou a mãe e três filhas e foi condenado a 225 anos de prisão

  • Foto do escritor: elnewspva
    elnewspva
  • 10 de ago.
  • 5 min de leitura

O crime ocorreu em novembro de 2023 em Sorriso; e o assassino Gilberto trabalhava em uma construção ao lado da casa das vítimas

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Gilberto Rodrigues dos Anjos foi condenado a 225 anos de prisão pelos crimes de estupro, estupro de vulnerável e feminicídio, cometidos contra Cleci Calvi Cardoso, de 46 anos, e as filhas Miliane Calvi Cardoso, de 19 anos, M.C.C, de 13 anos, e M.G.C, de 10 anos, em Sorriso.

O crime ocorreu em novembro de 2023. O julgamento pelo Tribunal do Júri teve início na manhã da quinta-feira (07) e a sentença foi proferida nesta noite e assinada pelo juiz Rafael Depra Panichella, após cerca de 10 horas de julgamento. 

A condenação de Gilberto terá início de cumprimento imediato e em regime fechado. Em relação à vítima Cleci, os jurados reconheceram os crimes de feminicídio triplamente qualificado, com a causa de aumento de pena, bem como o estupro de vulnerável.

Em relação à vítima Miliane houve o reconhecimento de feminicídio triplamente qualificado com a causa de aumento, bem como o estupro de vulnerável. Em relação à vítima M.C.C, de 13 anos, reconheceu-se o crime de feminicídio quadruplicamente qualificado com a incidência de causa de aumento e a condenação por estupro de vulnerável. No caso da vítima M.G.C, de 10 anos,, houve o crime de feminicídio e inclusas cinco qualificadoras, bem como a causa de aumento, o que levou às penas dosadas.

No período da manhã, familiares, investigadores de Polícia Civil e o delegado Bruno França - que conduziu as investigações - deram seus depoimentos sobre o caso, falando sobre as vítimas, seus estilos de vida enquanto estavam vivas e também os trouxeram detalhes da cena do crime e do comportamento de Gilberto antes e após a prisão. 

A tarde, a sessão foi retomada com a arguição do promotor de justiça Luiz Fernando Rossi Pipino, que destacou que, houve a premeditação do crime por parte de Gilberto, conforme já verbalizado pelas testemunhas, o que se conclui com a apuração de que ele observou as vítimas e planejou com paciência. 

“O réu monitorou a rotina da família (mulheres, horários, etc), estudou a residência (rota de entrada, desvio dos cães bravos, etc) e executou o plano diabólico com frieza e precisão”, manifestou na apresentação em power point. Verbalmente, ele reforçou essa tese, dizendo que o réu esperou até mesmo as luzes da casa se apagarem para cometer os crimes “com requintes de perversidade e crueldade”, apontou o promotor. 

Ao falar sobre a execução do que chamou de “plano diabólico”, Luiz Fernando exibiu a planta baixa da casa das vítimas e explicou como Gilberto entrou na residência, explicando que ele teria andado sobre o muro até chegar à janela do lavabo. Ainda segundo o promotor, os cães das vítimas teriam tentado o alcançar no muro, mas sem sucesso, local onde foi deixada a primeira marca do chinelo de Gilberto, na tampa do vaso sanitário, onde ele pisou quando pulou a janela.


“Muita dor e sofrimento”

O promotor detalhou que Cleci estava na cozinha quando se deparou com Gilberto. Nesse momento, Luiz Fernando fala sobre a forma como a vítima lutou bravamente pela vida, suportando “muita dor e sofrimento”. Segundo o promotor, Cleci teria tentado abrir a porta para que os cães entrassem ou que vizinhos pudessem ouvir os pedidos de socorro, mas não conseguiu.

Em seguida, o promotor relata que as duas filhas mais velhas entraram na cena para ajudar a mãe, mas não conseguiram lutar contra Gilberto, momento em que elas correram para na direção da suíte da casa, mas foram alcançadas e esfaqueadas. Conforme a acusação, as jovens ainda tentaram fugir pela janela do quarto, mas não conseguiram pois já estavam feridas.

Luiz Fernando apresentou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quanto a expectativa de vida das mulheres no Brasil que é de quase 79 anos, idade esta que as vítimas foram impedidas de alcançar.

“Ele [Gilberto] subtraiu 229 anos de vida, ele não permitiu que essas meninas chegassem à adolescência, à vida adulta e continuassem a alimentar de amor a casa da vovó. Ele [Gilberto] não permitiu que o Regivaldo pudesse comemorar agora no dia dos pais. Nenhuma pena será justa (...) o mínimo que a sociedade espera é que a condenação seja tão justa para que ele permaneça trancafiado pelos próximos 38 anos, porque dois ele já cumpriu”, arguiu o promotor.

Ele destaca que o crime foi cometido contra mulheres, mas é apurado e julgado por homens. Afirma ainda que "por decência" precisa concordar com a maioria dos argumentos apresentados pela promotoria.


Defesa citou pontos “inconclusivos”

O defensor público Ewerton Nóbrega, iniciou sua argumentação afirmando que não estava ali para “competir” e sim para “garantir um julgamento justo” e que a toga usada pelos jurados não representa a vontade própria, mas que o julgamento se dá conforme as provas do direito.

O defensor afirma que foram muitos crimes, que os trabalhos da polícia e da perícia foram muito técnicos de modo que, "por decência”, não pediria a pena mínima, “por respeito à população de Sorriso". O defensor apontou ainda que, após estudar diligentemente os autos e de ouvir as provas colhidas em plenário, vê com clareza a autoria e a materialidade dos fatos, bem como as qualificadoras contra Gilberto.

Entretanto, Nóbrega pediu aos jurados que avaliassem dois pontos que, segundo ele, seriam “inconclusivos” em relação aos estupros cometidos contra Cleci e Miliane. Segundo o defensor, a palavra de Gilberto em depoimento por ora foi considerada e ora desconsiderada. "Pode ser que ele tenha falado certas coisas de forma generalista", diz em relação a quais vítimas violentadas estavam vivas ou não no momento dos crimes sexuais.

A defesa diverge dos três crimes sexuais porque o estupro é, conforme prevê o Código Penal, cometido contra ser humano com vida. De modo que o defensor sugeriu aos jurados que o crime ocorrido não seria estupro e sim vilipêndio ao cadáver, crime cuja pena é consideravelmente menor. Nóbrega afirmou ainda que não há prova técnica dos estupros, a não ser que se considere apenas a palavra de Gilberto.

Em seguida, o advogado da família das vítimas, Conrado Pavelski Neto, rebateu a questão do vilipêndio de cadáver levantada pela defesa. Segundo ele, na delegacia, Gilberto confessou que todas as vítimas “se contorciam” durante os estupros, o que seria a prova de que todas estavam vivas, durante o ato criminoso. O advogado mostrou um trecho do depoimento de Gilberto que foi gravado, realizado na delegacia de Sorriso, à época em que foi preso em flagrante.

O promotor Luis Fernando Rossi Pipino completou, dizendo aos jurados que "há coisas que nem todas as palavras do mundo conseguem explicar, há dores que não cabem em um laudo, há crimes que ultrapassam a frieza da lei. E o que aconteceu naquela casa, naquela fatídica noite foi exatamente isso, foi uma tragédia devastadora, em que o mal subiu do inferno e apagou quatro vidas, quatro destinos que haviam sido entrelaçados pelo amor". 








Fonte: RDNews


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