top of page

Últimas Notícias

Agência de viagens de Primavera do Leste recebeu R$ 4 mi de Andreson, lobista acusado de negociar decisões

  • Foto do escritor: elnewspva
    elnewspva
  • há 16 minutos
  • 4 min de leitura

A Operação Sisamnes já teve mais de 10 fases, sendo que a última delas realizou busca e apreensão na mansão de Andreson, em Primavera do Leste

ree

Relatório encaminhado pela Polícia Federal ao Supremo Tribunal Federal, no âmbito da Operação Sisamnes, detalha como um grupo supostamente liderado pelo lobista de MT Andreson de Oliveira Gonçalves e investigado por negociar decisões judiciais, estruturou um esquema de lavagem de dinheiro com uso de empresas de fachada, movimentações em espécie e operadores financeiros. A apuração atinge servidores ligados a gabinetes de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O caso foi revelado após varredura detalhada no celular do advogado Roberto Zampieri, assassinado em 2023 e apontado como o principal articulador jurídico das fraudes ao lado de Andreson.

De acordo com o documento acessado pela reportagem, a empresa Florais Transportes Ltda., adquirida por Andreson em 2013, funcionava como núcleo financeiro central do grupo, responsável por introduzir, circular e redistribuir valores de origem ilícita. O relatório indica que a transportadora movimentou mais de R$ 72 milhões entre 2014 e 2024, recebendo, apenas de Zampieri, cerca de R$ 7,1 milhões entre 2019 e 2023.

A PF descreve que o modelo de lavagem se baseava em contratos falsos de transporte e notas fiscais simuladas, usadas para justificar transferências bancárias que, na prática, disfarçavam pagamentos de propina aos agentes judiciários que facilitavam e davam causa aos processos do interesse da dupla Zampieri/Andreson. O setor de transporte foi apontado como ideal para esse tipo de operação devido ao alto volume de transações e à dificuldade de fiscalização individual de cargas e rotas.

Entre as empresas envolvidas, destaca-se a Marvan Logística e Transportes Eireli, registrada em nome de Vanessa Resende Gonçalves, esposa do servidor Márcio, demitido do STJ justamente por integrar o caso. Ele é acusado de forjar minutas de decisões da ministra Isabel Gallotti.

A Marvan, sediada em Cuiabá, teria recebido repasses milionários da Florais Transportes entre 2021 e 2023, sem justificativa econômica. O nome da empresa, formado pela junção das iniciais do casal, e a ausência de empregados ou atividade operacional compatível reforçaram os indícios de que se tratava de uma empresa de fachada.

O relatório também identifica a atuação do contador Nilvan Marques Medrado, responsável técnico por mais de 150 empresas, a maioria do setor de transporte. Segundo a PF, a multiplicação dessas firmas, muitas criadas entre 2021 e 2022, servia para dar aparência de legalidade às movimentações financeiras e fragmentar o fluxo de recursos.

Outro ponto do documento trata do uso sistemático de dinheiro em espécie. Quebras bancárias de Roberto Zampieri revelaram saques que somaram R$ 12,7 milhões, distribuídos em 642 transações, com valores padronizados e fracionados, além de saques pontuais de até R$ 1 milhão. A PF apontou que o volume e a frequência das operações sugerem dissimulação patrimonial e uso de numerário para pagamentos ilícitos.

Durante buscas na residência de Rodrigo Falcão, também servidor do STJ, foram apreendidos comprovantes de compra de relógios de luxo da marca Rolex, pagos em espécie, e notas fiscais de valores superiores a R$ 100 mil, considerados incompatíveis com sua renda declarada.

O relatório ainda detalha a atuação de operadores financeiros responsáveis por movimentar e dispersar os valores ilícitos. Entre eles, Diego Cavalcante Gomes recebeu mais de R$ 6,5 milhões da Florais Transportes entre 2021 e 2023, realizando saques fracionados que somaram R$ 9,1 milhões. A PF também identificou Daniela Barbosa Schutz, dona de uma agência de turismo em Primavera do Leste (MT), que recebeu R$ 4 milhões da Florais e R$ 200 mil de Mirian Ribeiro, esposa de Andreson. Segundo a investigação, ela quitava faturas de cartão de crédito que eram posteriormente utilizadas por servidores beneficiários.

Outros nomes apontados como operadores foram João Batista da Silva, que recebeu R$ 2,8 milhões da Florais, e Mizael Soares Passos, destinatário de transferências superiores a R$ 300 mil, além de mais de R$ 1 milhão em saques.

A PF conclui que o esquema de lavagem de capitais sustentava a rede de corrupção no Judiciário, articulada por Andreson e Zampieri, com participação de servidores e intermediários. O relatório afirma que a estrutura funcionava como uma organização criminosa voltada à manipulação de decisões judiciais, com uso de linguagem cifrada, empresas simuladas e pagamentos indiretos.

Diante dos indícios reunidos, a Polícia Federal defendeu a manutenção das medidas cautelares e o afastamento dos servidores investigados, alegando risco de reativação do esquema e de uso da estrutura do STJ para fins ilícitos.

A Operação Sisamnes já teve mais de 10 fases, sendo que a última delas realizou busca e apreensão na mansão de Andreson, em Primavera do Leste. A ofensiva já culminou, em Mato Grosso, no afastamento dos desembargadores Sebastião de Moraes e João Ferreira Filho, e do juiz Ivan Lucio Amarantes, todos acusados de negociarem decisões com Zampieri e o lobista.

Além de investigar o TJMT, os gabinetes de três ministros do STJ estão na mira da PF: Isabel Gallotti, Nancy Andrighi e Og Fernandes. Os principais servidores investigados são, além de Márcio, Rodrigo Falcão e Daimler Alberto Campos.




Fonte: OlharJuridico

Comentários


bottom of page