Simone Mendes e o PT: Uma aliança surpreendente, fake news e uma investigação a caminho

O presidente do PT de Nobres, Odair da Rosa, conhecido como Esquerdinha, surpreendeu ao anunciar seu apoio à candidata

Na tarde de quinta-feira (03/10), a Justiça Eleitoral de Mato Grosso ordenou que Simone Mendes, candidata à prefeitura de Nobres pelo PSB, retire de suas redes sociais vídeos considerados fake news, contendo ataques pessoais ao candidato Zé Domingos (UB) da Coligação Nobres Não Pode Parar e ao atual prefeito Leocir Hanel (UB).

A decisão foi baseada na Resolução nº 23.714, de outubro de 2022, que proíbe a divulgação de informações sabidamente falsas ou descontextualizadas que comprometam a integridade do processo eleitoral.

Simone tem 24 horas para remover os conteúdos, sob pena de multa, com a mesma punição estendida a seus apoiadores que compartilharem os vídeos.

Essa decisão surge após uma mudança abrupta no tom da campanha da candidata, que, de mensagens positivas, passou a adotar uma postura mais agressiva na última semana, intensificando os ataques a seus adversários.

O apoio à Simone Mendes não é o único ponto controverso em sua campanha.

O presidente do PT de Nobres, Odair da Rosa, conhecido como Esquerdinha, surpreendeu ao anunciar seu apoio à candidata. O movimento, que inicialmente pareceu uma estratégia de fortalecimento da candidatura de sua filha, Kássia Karoline da Rosa, candidata a vereadora pelo PL, levantou questões sobre a aliança entre partidos de ideologias opostas. Simone Mendes, filiada ao PSB, um partido tradicionalmente de esquerda, agora é apoiada por Esquerdinha, que, mesmo sendo do PT, decidiu se aliar a uma candidatura que se posiciona à direita.

O PSB, que tem raízes na Esquerda Democrática, fundada em 1945, sempre foi identificado com o campo progressista, defendendo o socialismo e a liberdade.

  Contudo, essa aliança entre o PT, PSB e partidos de centro-direita, como o PL, Republicanos e Podemos e do Centrão como o MDB, em Nobres, tem sido vista com desconfiança pela população local.

A junção de forças entre o PL, partido de Jair Bolsonaro, e o PSB, da base de apoio do governo Lula, causou estranheza, especialmente após a ex-primeira-dama Michele Bolsonaro divulgar nota reafirmando que o PL não deveria se aliar a partidos de esquerda.

Em meio a essas alianças inesperadas, surgiram denúncias contra Simone Mendes.

O Ministério Público de Mato Grosso (MP-MT) investiga a candidata por possível dano ao erário público e enriquecimento ilícito. Ela teria sido nomeada como Assessora Técnica Legislativa na Assembleia Legislativa do estado, recebendo R$ 14 mil mensais, sem, contudo, haver registro de sua presença física no cargo.

A nomeação foi feita pelo deputado estadual Max Russi, também do PSB, e levantou suspeitas de que a posição foi utilizada para arrecadar fundos para sua campanha eleitoral.

Caso as acusações se comprovem, Simone poderá enfrentar sanções severas.

O cenário político em Nobres se torna cada vez mais caótico. A aliança entre Esquerdinha e Simone Mendes demonstra a flexibilidade pragmática das alianças eleitorais, onde a ideologia muitas vezes é deixada de lado em prol de objetivos políticos.

Enquanto isso, 75 candidatos a vereador competem por apenas 11 cadeiras na Câmara Municipal, e três candidatos disputam a prefeitura, em uma corrida que promete ser marcada por intrigas, fake news e denúncias judiciais.

A complexidade dessas alianças e as acusações de irregularidades sugerem que as eleições em Nobres serão palco de intensas disputas, onde as linhas entre direita e esquerda se tornam cada vez mais nebulosas. O apoio do PT a Simone Mendes, em conjunto com o PL e outros partidos de centro-direita, evidencia a dificuldade dos eleitores em confiar na integridade das coligações políticas, enquanto o Ministério Público investiga possíveis desvios de conduta que podem mudar os rumos dessa eleição.

Também disputam com Simone Mendes (PSB) o comando da Prefeitura de Nobres, o ex- deputado estadual e ex-prefeito de Sorriso, Zé Domingos (UB) e o empresário Neilton Hiper (PSD).