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Ely Leal

Misseis, guerra e o balanço da economia brasileira

by Renata Viana

Enquanto Putin segue protagonizando cenas de uma guerra desproporcional com a Ucrânia, fato que tem gerado consequências econômicas globais. Importante que se diga que já antes da invasão, a bandeira verde e amarela já enfrentava percalços na economia com a inflação na casa dos dois dígitos e viés de alta nas taxas de juros Selic.

Mas é importante ressaltar que antes de ocorrer o desfecho efetivo da invasão russa, o Brasil já havia conseguido recuperar em 2021 grande parte das perdas em 2020, que foi arrasado com o impacto do início da pandemia de covid-19.

Enquanto termino de escrever este artigo, a maior Trading de petróleo do mundo, a Vitol, anuncia que deixará de embarcar petróleo e derivados de origem russa até final de 2022. Sendo que o porta voz da empresa explicou que a intenção era parar imediatamente as operações, entretanto existem contratos complexo de mais para serem quebrados e por este motivo ainda farão as operações até dezembro com a Rússia.

Este é só mais um exemplo que as consequências dessa guerra ainda estão longe de serem sentidas de forma completa. E como vivemos em um mundo conectado e interdependente certamente sentiremos os impactos na economia no presente momento, bem como no futuro.

A relação comercial entre o Brasil, Rússia e Ucrânia, reside de forma pontual em torno da venda de produtos relacionados ao agronegócio, principalmente trigo, milho e os fertilizantes. Com o comércio afetado, a tendência é um aumento nos preços das commodities agrícolas.

Outro fator que está influenciando o debate econômico no país é a questão dos combustíveis, sobretudo petróleo e gás natural. O continente europeu é bastante dependente das commodities energéticas dos russos. De acordo com especialistas da área de petróleo, quase metade do petróleo e gás usados na Europa tem origem russa.

Além disso, desde o começo do conflito os preços do petróleo Brent, usado como base pela Petrobras (PETR3; PETR4) em sua política de preços tem crescido de forma exponencial.

Com a aliança entre a Rússia e a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), a tendência é a manutenção atual da produção de petróleo. Logo, os preços devem escalonar ainda mais como consequência das sanções contra a Rússia.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que irá fechar os portos americanos para importação do petróleo russo. Além disso, o governo britânico informou que deve eliminar as importações de petróleo e seus derivados até o final de 2022.

O conflito já vem produzindo impactos na economia brasileira com um aumento maior ainda nas taxas de inflação, puxadas pelas possíveis altas dos combustíveis (que promove um efeito cascata na precificação de todos os produtos na economia) e alimentos.

Com a inflação alta, o Banco Central deve manter a política de aumento da taxa de juros para controlar a inflação. Anteriormente, a expectativa do BC era promover mais um aumento na Selic, na casa dos 12% ao ano, e com a queda da inflação prevista no segundo semestre, iniciar um movimento de arrefecimento nos juros. Entretanto, as consequências da guerra devem adiar os planos originais do Bacen.

O agronegócio brasileiro tende a ser um dos setores mais afetados pela crise russo-ucraniana devido à questão da importação de fertilizantes. Cerca de 20% do insumo utilizado no país por ano é importado dos russos. Além disso, 65% do adubo usado por aqui também vem da Rússia.

Mesmo diante da fala da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que anunciou recentemente que o Brasil tem estoque suficiente de fertilizantes até o início do plantio da próxima safra, em outubro. Por sua vez, a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) estimou a duração dos estoques em três meses.

Válido mencionar que a Ucrânia e a Rússia são consideradas potências agrícolas no mundo. Uma guerra envolvendo esses dois países pode prejudicar a produção de alimentos no mundo. Os ucranianos vendem cerca de 17% do milho do mercado mundial. Ainda vale mencionar que os dois países juntos exportam 30% do trigo comprado pelo resto do planeta.

O Brasil é um dos maiores importadores de trigo do mundo e pretende comprar no exterior cerca de 6,5 milhões de toneladas do cereal em 2022. Como este é a base de inúmeros produtos consumido no país, o famoso pão francês do café da manhã e a pizza do final de semana tendem a ficar mais caros.

Todos estes pontos apresentados, trazem movimentos diretos na economia nacional. Momento pede cautela, análise do cenário e decisões assertivas dos empresários e investidores. Como diz o dito popular: chá de camomila e paciência não fazem mal a ninguém, talvez esse ditado seja uma postura que deva ser adotada em momentos de incertezas internacionais como este que estamos atravessando.



Renata Viana – Advogada Tributarista e Consultora Política filiada a ABCOP, é apresentadora do programa “Dialogando com Renata Viana” na Rádio Metrópole FM em Cuiabá

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