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  • Ely Leal

Filho de Mauro Mendes é investigado pela PF por envolvimento por compra de mercúrio ilegal

Polícia também pediu a prisão temporária de Luis Antonio Taveira Mendes, mas o pedido foi negado pela Justiça

Luis Antônio Taveira Mendes, filho do governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), é sócio de duas empresas investigadas por comércio ilegal mercúrio, usado para extração de ouro na Amazônia.

As duas empresas foram alvo da “Operação Hermes II”, deflagrada pela Polícia Federal, nesta quarta-feira (8). O empresário diz que não atua de forma direta nas empresas.

A Polícia Federal também solicitou a prisão temporária de Luis Antônio, mas a Justiça negou o pedido. Segundo a investigação da PF, as empresas Kin Mineração Ltda e Mineração Aricá Ltda têm Luis como sócio. A primeira tem três pessoas como administradoras e duas empresas societárias, sendo que uma delas tem como responsável o filho do governador do estado. Essa mesma empresa também aparece como sócia da Aricá.

As empresas citadas fizeram compras de mercúrio com emissão de notas fiscais de venda de bolas de aço e de ferro, quando, na verdade, se tratava do mineral, segundo investigadores.

Ainda de acordo com a PF, a Mineração Aricá nunca declarou compra de mercúrio, mas produziu mais de 900 mil gramas de ouro.

Um dos investigados disse ter vendido mercúrio ilegal para a empresa. As primeiras vendas teriam acontecido em junho de 2022.

Já para a Kin Mineradora os primeiros registros dessas compras foram em agosto daquele mesmo ano.

Na operação, foram cumpridos 29 mandados em oito cidades de Mato Grosso, sendo em Cuiabá, Poconé, Peixoto de Azevedo, Cáceres, Alta Floresta, Pontes e Lacerda, Nossa Senhora do Livramento e Nova Lacerda. Foram apreendidos 605 kg de mercúrio durante a operação.

Além do comércio ilegal, a operação apura crimes ambientais, organização e associação criminosa, receptação, contrabando, falsidade documental e lavagem de dinheiro.

7 toneladas de créditos de mercúrio retirados do Ibama

A PF identificou uma extensa cadeia organizada de pessoas físicas e jurídicas envolvidas no esquema ilegal de comércio de mercúrio e de ouro extraído de garimpos na Amazônia.

O esquema teria retirado sete toneladas de créditos de mercúrio dos sistemas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

A investigação indica que o prejuízo aos cofres públicos é superior a R$ 5 bilhões.

A Justiça Federal de Campinas (SP) determinou o bloqueio de mais de R$ 2,9 bilhões dos investigados e definiu o pagamento de 200 salários mínimos em fiança preventiva.

A investigação começou em uma empresa de Paulínia (SP) que, segundo a PF, favorecia um dos maiores programas de uso ilegal de mercúrio.

Com permissão para produzir créditos de mercúrio, a empresa fraudou o sistema do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

A investigação da PF aponta que os crimes investigados estão relacionados ao contrabando e ocultação de elemento químico cujo objetivo final era o fornecimento de minas no Amazonas, Mato Grosso, Rondônia, Roraima e Pará.


Segundo a investigação da PF, o sistema funcionava da seguinte forma:
  • A corporação apurou que foram retiradas sete toneladas de créditos de mercúrio dos sistemas do Ibama. As principais formas usadas pelo grupo para fazer a movimentação dos valores foram:

  • Utilização de laranjas para ocultar o verdadeiro responsável pelas operações comerciais e financeiras ou o verdadeiro proprietário de bens e valores;

  • Utilização de empresas de fachada (sem sede física, com uso de testa de ferro ou laranja);

  • Mistura entre capital ilícito com eventual capital lícito gerado por empresas com certa atuação comercial, de modo a tornar mais difícil a separação de um e de outro pelas autoridades;

  • Utilização de empresas sem registro de funcionário;

  • Compra e venda de imóveis, com valorização artificial, para justificar a origem ilícita do dinheiro utilizado;

  • Blindagem patrimonial, por meio de manobras jurídicas e engenharia financeira/contábil;

  • Utilização ilegal dos sistemas do Ibama para dar aparente legalidade à circulação de quantidade exorbitante de mercúrio;

  • Uso do Aeroporto Internacional de Viracopos para transporte de mercúrio. Em nota, a defesa de Antônio disse que o empresário não exerce nenhuma atividade de gestão ou tomada de decisão nas empresas investigadas, nem figura de forma direta como sócio.

“O envolvimento do empresário e as medidas cautelares são ilegais e serão questionadas no Tribunal Regional Federal. Inclusive, a Justiça Federal indeferiu de plano, o pedido de prisão temporária solicitado de forma arbitraria pelo delegado da Polícia Federal, por ausência de fundamento jurídico no pedido”, diz em trecho da nota.

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