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Crime organizado vai da Prefeitura a estados vizinhos e se espalha na sociedade. Entenda tudo

Ely Leal

A rede de investigação da operação "La Catedral" pode ser apenas a "ponta do iceberg" e o desbaratamento da Organização Criminosa pode estar apenas começando.

As prisões, detenções e apreensões feitas até aqui pela denominada oparação "La Catedral" da Polícia Civil de Primavera do Leste, atravéz da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos, pode indicar que a organização criminosa vai muito além do que foi revelado até o momento e pode atingir altos cargos políticos e administrativos na cidade e em outras regiões.


O MENTOR

No que foi apurado até aqui, o esquema era comandado pelo ex-vice Prefeito de Santana do Araguaia, Pará, Jeová Vieira de Aguiar, que movimentou quase R$ 25 milhões entre créditos e débitos para Janderson dos Santos Lopes em Primavera do Leste. entre os 16 alvos da operação, mais de R$ 110 milhões foram movimentados.

Este dinheiro era fruto do trafico de drogas, lavagem de dinheiro, corrupção passiva e ativa e do favorecimento ilegal para presos beneficiados, usando contas próprias e de terceiros e de empresas de fachada.


O COMANDO EM PRIMAVERA

Janderson dos Santos Lopes foi transferido para Primavera para cumprir uma pena de 39 anos de cadeia em regime fechado, mas recebeu autorização da Justiça para trabalhar e cursar uma faculdade fora. Investigação releva que nunca trabalhou nem frequentava a faculdade.

Ao contrário, contou com o apoio do diretor do Presídio de Primavera do Leste, Valdeir Zeliz dos Santos, irmão do ex-vereador primaverense Valmir Zeliz dos Santos, ligado a Igreja Assembléia de Deus Madureira, dirigida pelo Pastor Ary Dantas, líder político da seita no estado.

Com uma vida totalmente livre, Janderson, após vir para Primavera comprou imóveis na cidade, em Poxoréu e em Cuiabá, até um chácara, montou duas empresas (Uma Transportadora e uma de Material de Construção), comprou 21 caminhões, 2 semi-reboques, 13 tratores, 7 dollys, caminhão caçamba e outros 4 caminhões. Todo o dinheiro era oriundo do tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e vantagens para servidores públicos.

Quando foi preso (novamente) tinha em sua posse uma camionete Amarok, duas Ford Ranger, uma Ford F350, três Toyota Hilux, um Corolla Cross, uma Fiat Strada e um GM Onix.




O DIRETOR

O diretor do presídio, Valdeir Zeliz, movimentou R$ 4 milhões em suas contas e favorecia o presidiário Janderson dos Santos Lopes, para que este pudesse, mesmo condenado a 39 anos de regime fechado, viver uma vida livre como se nunca tivesse sido sentenciado.

Na associação criminosa entre o presidiário Janderson e o diretor da cadeia, Valdeir, o primeiro ainda cobrava pesada propina de cerca de 30 detentos da cadeia, para que estes pudessem "trabalhar fora" e "ter acomodações privilegiadas na cadeia" e atuassem como empregados na sua chácara, lojas e também para o diretor da cadeia.

O esquema na cadeia envolvia apenas o Diretor Valdeir Zeliz dos Santos ou envolvia outras pessoas? Alguém do poder Judiciário, participava também liberando os presos para fazer parte do "Projeto Proseg - Segunda Chance"? Como funcionava a escolha dos presos? estas e outras perguntas devem ser respondidas no desdobramento das investigações.


O ESQUEMA NA PREFEITURA

Os presos integravam um projeto de ressocialização, criado pelo estado e prefeitura e se chama "Projeto Proseg Segunda Chance". Somente da Prefeitura estava previsto o repasse de R$ 4 milhões para este programa em 2024, sendo que R$ 248.082,79 já foram pagos.

Os presos beneficiados do programa, tinham que pagar propina para o presidiário Janderson dos Santos Lopes, cuja o financeira era administrado por Thais Emília Siqueira que além das empresas tomava conta também deste braço da organização criminosa.

Quem fazia a negociação dentro do Presidio para selecionar os presos beneficiados e cobrar a propina, era o detento José Inácio da Silva, que ficava na cadeia e por sua conta passou outros R$ 2 milhões no período investigado.

O dinheiro da propina paga pelos presos eram depositados para uma suposta amante do diretor do Presidío de nome Edimara Faria Neves, que movimentou no período investigado, R$ 1,7 milhões em suas contas.

Depois de pagar a propina na conta de Edimara, os presos deveriam trabalham em projetos da Prefeitura na Secretaria de Obras e outras no município em serviços como limpeza de ruas, corte de arvores, pinturas e outros. Os trabalhos seriam fiscalizados pelos servidores comissionados da Prefeitura que também atuavam no projeto Proseg - Segunda chance.

Eram eles Josué Pereira Santana, o "Cowboy" e Marconi César Magalhães, o "Marconi", que teriam movimentado mais de R$ 1 milhão no esquema criminoso.

Eram os Coordenadores da Secretaria de Obras muito ligados ao então Secretário Municipal de Viação e Obras Públicas, Henrique Gatto.

Só que aos invés de fiscalizar os trabalhos externos dos presos do "Projeto Proseg - Segunda Chance", "Cowboy" e "Marconi" liberavam os presos para trabalhar na realidade para o chefe do crime, faccionado e líder do esquema Janderson dos Santos Lopes. Com ele, os detentos gozavam de "regalias" pelos quais tinham pagos.

O esquema na Prefeitura parava em "Cowboy" e "Marconi"? Ou tinha outras pessoas envolvidas também? é isso que as próximas investigações deve responder.


OUTROS ENVOLVIDOS NO CRIME ORGANIZADO

Segundo as investigações da Delegacia de Roubos e Furtos da Polícia Judiciária Civil, sob o comando dos delegados Honório Neto e Rodolpho Bandeira da Derf-Primavera, a empresa Lopes Transportadora de Grãos Ltda, movimento mais de R$ 20 milhões no esquema criminosos.

O empresário Valdir da Silva Araújo movimentou R$ 3,7 milhões no braço financeiro da organização criminosa. Gutemberg dos Santos Mesquita também do braço financeiro da organização movimento outros R$ 2 milhões.

A Fisioterapeuta Damilles Kaely realizou 236 operações financeiras no valor de R$ 236 mil. O advogado Rodrigo Costa Dias emprestou sua conta para movimentar outros R$ 2,4 milhões. O Sócio -Proprietário da empresa A.S.R. Tênis, Alessandro Soares recebia também os pagamentos dos presos nas suas contas e movimentou mais de R$ 6 milhões.


RESUMO

Depois que foi Tranferido para Primavera do Leste, onde a Organização Criminosa "Primeiro Comando da Capital" tem forte atuação, o criminoso Janderson dos Santos Lopes, adquiriu todos esse patrimônio fruto do crime e passou a ostentar uma vida de riqueza nas redes sociais.

Corrompeu servidores e pessoas da comunidade. aumentou os índices de criminalidade da sua Organização Criminosa.

As investigações apontaram que Janderson teria pago propina para ser liberado da cadeia para trabalhar e cursar uma faculdade, mas desrespeitava o acordo judicial ao trabalhar em suas empresas e fazer atividades em sua propriedade rural, localizada no município de Poxoréu.

Além de utilizar mão de obra de presos da Cadeia Pública para atividades de seu interesse, Janderson também contava com o apoio da esposa, Thais Emilia Siqueira Silva, que também já havia sido investigada nas operações Três Estados e Red Money e foi novamente alvo da Polícia Civil. 

A Operação La Catedral para cumprir 132 ordens judiciais, entre prisões preventivas, buscas e apreensões, bloqueios de contas bancárias, além de sequestro de bens móveis e imóveis dos investigados. A investigação apura os crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de capitais e facilitação de saída de pessoa presa para atividades ilegais.

Os mandados são cumpridos em cidades de quatro estados: Primavera do Leste, Paranatinga e Dom Aquino (MT); Uberlândia (MG); Rio Verde (GO) e Santana do Araguaia (PA).

A investigação, de quase um ano, reuniu diversas informações produzidas a partir de relatórios financeiros e investigativos, identificou atividades ilegais envolvendo pessoas presas e o diretor da cadeia pública de Primavera do Leste.

A Polícia Civil apurou a existência de uma associação criminosa que se formou para comprar facilidades e movimentar dinheiro obtido ilegalmente e promover a lavagem de capitais por meio de empresas de construções e, ainda, ofertar vantagens ilícitas a servidores públicos.

O nome da operação, faz referência à La Catedral, prisão onde ficou o narcotraficante Pablo Escobar, na Colômbia. A unidade era vigiada pelos próprios homens de confiança do traficante, que fez do local uma extensão de seus negócios ilícitos e da prisão continuava comandando o tráfico de drogas e outras ações violentas, até ser extraditado para os Estados Unidos. A prisão contava com regalias, como salas de jogos, academia e campo de futebol. Em La Catedral, Escobar realizava festas marcadas com bebidas, drogas e mulheres.





Ely Leal - Redação




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