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Ely Leal

Artigo - Estou pensando em tanta coisa...

Não se trata aqui de defender uma ou outra ideologia, mas a verdadeira democracia e o verdadeiro estado de direito

Dr. Marcos Nascimento

Ontem recebi honroso convite para participar de mais um encontro e confraternização dos colegas advogados de Primavera do Leste, promovido pelas ilustres presidentes Ethiene Brandão, e Gisela Cardoso, da Subsecção local, e da Seccional de Mato Grosso, no "Ditado Popular".

Lá se encontraram mais de uma centena de advogados prestigiando a boa gestão local que está sendo realizada pela nossa dedicada presidente.

Momento de fala, pronunciaram-se elas dedicando palavras de boas vindas e de um agradável convívio entre todos nós. Ethiene relatou as atividades promovidas pela diretoria em favor da classe e da comunidade primaverense, e Gisela destacou o papel da Seccional do Estado na defesa dos direitos e prerrogativas da advocacia "indispensável à realização da Justiça", conforme preceito constitucional.

Aplausos. E mais nada.

Registro aqui as minhas impressões, e peço venia para dizer, com preocupação e tristeza, que causou espécie o completo silêncio da nossa instituição, outrora a mais nobre defensora da democracia, da liberdade e do estado de direito neste país, sobre a grave situação de abusos intermitentes que vem sendo atualmente praticados contra a sociedade brasileira, contra a liberdade de pensamento e opinião, de imprensa, contra os investigados e acusados de um suposto golpe de estado, e contra os direitos e prerrogativas da advocacia de um modo geral, promovido por altas autoridades das demais instituições da República.

Sob a cínica e arrematada mentira de uma denominada tentativa de "golpe de estado", mais de mil pessoas foram indevidamente presas e estão sendo acusadas, algumas soltas com tornozeleiras eletrônicas (jovens, homens e mulheres adultos, e centenas de idosos) com pedidos de prisões de 30 a 40 anos, por graves crimes onde não há nenhuma individualização das condutas ditas criminosas.

São brasileiros sofrendo com uma ditadura do judiciário. A pior ditadura que existe, como dizia Rui Barbosa, porque contra ela não há a quem recorrer, a não ser combatê-la com um levante nacional do povo, que certamente poderá causar grande tragédia.

A casa nacional dos nossos avitos está envergonhando a advocacia, hoje escancaradamente conduzida por interesses politicos partidários de seus dirigentes, que permanecem silentes e inertes, complacentes com esse nefasto ataque de abusos praticados pelo TSE e pelo STF.

Não se trata aqui de defender uma ou outra ideologia, mas a verdadeira democracia e o verdadeiro estado de direito. A paridade de armas. Não a "democracia" que anda na boca do atual ministro da justiça, de muitos membros do congresso nacional e de outros tantos da AGU, da PGR e da Suprema Corte.

Não há liberdade onde há censura, aonde há jornalistas presos ou caçados, onde há perseguição a adversários e a seus apoiadores, onde se impõe acusações sem peias, processos industrializados onde o resultado danoso já está antecipado, a prisão preventiva desenfreada - utilizada como método de pressão - o mêdo e o terror disseminados no meio do povo.

Não há justiça onde congressistas vivem sob a espada de Dâmocles, amedrontados pela baba virulenta, do apetite ensandecido dos ministros do TSE e do STF.

Não haverá paz onde existe um abominável inquérito "do fim do mundo" - como muito bem o denominou o ex ministro Marco Aurélio - aberto para nessa boca maldita e infernal da incineração, serem atirados os adversários, do partido de predileção do seu presidente. Só se esse famigerado "condutor da desgraça", estiver, em sua desabalada cavalgadura, querendo impor aqui, a paz dos cemitérios.

Tudo que condenaram na Lava Jato - mas lá havia crimes apurados em profusão - estão fazendo pior agora. O crime tomou as rédeas da vingança!

Por tudo isso, estamos tristes. Não há motivo para comemorações na advocacia neste momento, não obstante as boas intenções de seus idealizadores. A advocacia que eu reputo VERDADEIRA, está de luto. Pois aqueles que apoiam ou silenciam sobre essa ignomínia não podem a meu ver, serem considerados ADVOGADOS. Muitos que se utilizam da propagação de narrativas falsas como sendo de "ações em defesa da democracia", causam nojo. Dessas denominadas "boas intenções", o inferno está cheio.

A verdade é que a advocacia está hoje agachada, servindo de apoio a essa desonrosa e monstruosa empreitada.

Mas a história cobrará.



Dr. Marcos Nascimento - Natural de Três Fronteira (SP) - ex vereador no estado de São Paulo e filho de políticos de grande tradição na região. É advogado e trabalha há muitos anos em Primavera do Leste

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