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Ely Leal

Agro se revolta com moratória: "MT deveria dar uma banana aos europeus"

União Europeia vai restringir importação de produtos oriundos de áreas desmatadas ou degradadas e isso enfureceu produtores do agronegócio em MT

Entidades do agronegócio manifestaram indignação e classificaram como terrorismo a decisão da União Europeia de restringir a importação pelo bloco de produtos provenientes de áreas desmatadas ou degradadas. Na terça-feira, ontem, (21), o setor produtivo se reuniu com o governador Mauro Mendes (União Brasil) para debater a Moratória da Soja e da Carne e cobrar do Executivo uma postura mais incisiva em defesa do interesses dos produtores.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Vilmondes Sebastião Tomain, durante o seu dicurso, afirmou inclusive que Mato Grosso deveria parar de vender e "dar uma banana" para os países europeus.

“Nós não podemos aceitar. É isso que eles querem: impedir, não deixar o mato-grossense produzir mais, mas nós temos mercado, nós temos a China, temos a Índia. Acho que já está na hora de dar uma banana para esses europeus e mandar eles comprarem em outro lugar ” frisou o presidente da Famato, em seu discurso.

Ainda segundo Tomain, cerca de 90 municípios estão sendo impactados pelo acordo comercial e, com o acordo, a União Europeia estaria tentando inibir o crescimento econômico de Mato Grosso.

“Infelizmente, a comunidade européia vem impondo restrições ao nosso segmento há muito tempo e não é questão ambiental, sabemos disso, é restrição econômica. O Estado de Mato Grosso vem mostrando para todo o mundo a nossa capacidade, a condição que temos de dobrar a nossas produções em curto prazo. Mato Grosso tem área para ser transformada em área de produção na faixa de 10 a 15% de área de conversão e isso está incomodando muito. O protagonismo da Europa está caindo por terra. Eles não têm condições de concorrer com o nosso poder de levar comida para o mundo e criam esses mecanismos”, criticou.

O ex-presidente Associação dos Criadores de Suínos Mato Grosso (Acrismat) e empresário do ramo, Itamar Canossa, também esteve presente na reunião e definiu a medida comercial como "terrorismo".

"É fácil para a Europa falar de barriga cheia. Agora vai pedir para o cara que está sem comer, tendo que trabalhar, para ver se ele consegue trabalhar ou emitir uma opinião. Então, essa forma de terrorismo que a Europa tem colocado para nós é uma covardia”, completou.

Fernando Cadore, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), destacou que a restrições políticas podem impactar no crescimento de municípios no interior do Estado.

"Não podemos fadar ao fracasso municípios que poderiam ser uma Primavera do Leste ou Lucas do Rio Verde no futuro. Eu sei que o governador é prático nas ações. Espero que se busquem alternativas para restringir empresas que não cumpram a legislação. Nós, como entidades, tivemos até hoje monólogos, com uma parte fala e uma não sendo ouvida. Esperamos ser ouvidos agora, com participação dos prefeitos, e que se cumpra a legislação. Somos parceiros da punição da ilegalidade, mas não podemos permitir que surfem no pouco que a gente pode usufruir, que é a conversão dos 20% do território", disse.

No encontro, os produtores e prefeitos, pediram que Mauro estude uma medida de garantir que as empresas signatárias cumpram a legislação brasileira e aceitem a produção de áreas desmatadas de maneira legal. Um dos pontos levantados pelos produtores é a possibilidade do corte dos incentivos fiscais às empresas que atuam como intermediárias e a possibilidade de "taxar" os importadores da produção mato-grossense, como resposta às restrições.

A Moratória

O acordo foi firmado há 17 anos entre organizações não governamentais, agroindústrias e o Governo Federal e consiste na proibição da compra de soja produzida em áreas da Amazônia que tenham sido desmatadas após 22 de julho de 2008. Para os produtores, a moratória ataca a legislação brasileira e prejudica o setor.

No Brasil, é permitido o desmatamento de até 20% das áreas totais de determinada propriedade situada na região. Pela Moratória, ainda que o propritário não tenha atingido esse percentual, ele não poderá avançar no desmatamento legal se quiser fornecer às empresas signatárias.





fonte; RDNews

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